Visao News, Concert Review (In Portuguese) >>
Lura provoca rebolico em Nova York
-By Jorge Soares
Com um desfile de géneros musicais de Cabo Verde e do Brasil, a intérprete cabo-verdiana Lura conquistou plenamente a plateia do teatro Peter Norton Symphony Space, num espectáculo, Sábado, em Nova York, Estados Unidos.
O show que começou com a morna “So um cartinha” foi ganhando intensidade com a passagem pelo mazurca, coladeira, batuco para terminar com o funana. E teve extensão, já que o público insaciável, com aplausos insistentes, não deixou Lura partir sem interpretar a canção “Na ri na”. O coro esteve a cargo da plateia que também bailou e agradeceu.
Foi uma alternância entre a intensidade - com a intérprete a manejar as variações de voz - e a calma imposta pelas melodias que transmitem a saudade, a morabeza e a ternura.
Com o batuco, Lura leva o público ao climax sobretudo quando tirou os sapatos, amarrou um pano preto às ancas – encima do vestuário apertado que definia os contornos da sua figura bem moldada – e mexeu electricamente a cintura. Houve ainda um diálogo entre corpo e som, com Lura a corresponder aos batimentos da tumba. Tudo bem encaixado.
“She is great” (ela é excelente) ouvia-se à saída. Ao meu lado, um espectador contava para outros que Lura tinha nascido em Lisboa, onde também se desenvolveu, e que foi aos 32 anos que viajou pela primeira vez a Cabo Verde.
Lura que vive uma fase de ascensão notável na sua carreira, mais uma vez, conquistou corações. E viu-se à saída do teatro uma fila de pessoas a comprar o disco “M’ben di fora”. A artista acedeu participar numa sessão improvisada de autógrafos.
Lura está a promover o seu último álbum “M'Bem di Fora” com o qual a intérprete vem arrecadando elogios do público e da imprensa.
Por exemplo, o jornal “Washington Post”, sem descurar os vínculos de raiz com os ritmos de Cabo Verde, descobre no álbum - elegante e urbana -, uma influência ibérica que, segundo o periódico está acentuada nas cadências do acordeão de café e na guitarra flamenga.
Lura afirma que valoriza a simplicidade das coisas e pessoas em Cabo Verde. Para ela 'M'bem di fora' é uma expressão cabo-verdiana utilizada para designar as pessoas que vieram de fora da cidade, do interior. Tal como a expressão, o novo disco fala de deslocações.
Ela deixa Nova York, neste domingo, para novos compromissos nos Estados Unidos. Seatle, no estado de Washington será a próxima etapa.
04/15/07 >> go there